Dois poemas do poeta M.
1. Parabéns pra você! (As regras da morte)
No
poeta alvissareiro que eu sou,
Paira um ar de desprezo pelas regras.
E, não só paira como goza.
Paira um ar de desprezo pelas regras.
E, não só paira como goza.
Sou
poeta antigramatical!
Poesia viva, antecedente da técnica,
Anterior a uma vida morrente qualquer,
Poesia viva, antecedente da técnica,
Anterior a uma vida morrente qualquer,
Nem a morte é viva, e nem há vida.
Vida que morre é regra, um apagar de velinhas sobre o bolo,
Morte, sem vida: é um eterno tédio...
Vida que morre é regra, um apagar de velinhas sobre o bolo,
Morte, sem vida: é um eterno tédio...
2. Filólogo
Eu
sou amigo de Deus, porque Deus é a palavra.
Muito amigo de Deus e mais amigo das palavras.
Muito amigo de Deus e mais amigo das palavras.
A
ferir com palavras, a atacar com os deuses,
Sem sentir-se magoado com o dito, e sem ferir-se consigo.
Sem sentir-se magoado com o dito, e sem ferir-se consigo.
Ser:
todo liberto pela força na vontade do verbo recriar,
Aniversariar
e agradecer ao verbo que me via, quando eu vinha
Do
inferno-vazio, eu, claudicante. Eu, que te conto daquela vida que vivia
Pelas
ruas e que, agora, volta ao vil sossego.
Quando
temes a essa tua vida, em teus medos, não te dizes a verdade,
Velho
Phobos.
És mentira na verdade que se assoma, e na virtude desses versos meus.
Eu sou Phoebus.
És mentira na verdade que se assoma, e na virtude desses versos meus.
Eu sou Phoebus.
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