Mysthétika Pura Aplicável de Marcelo Santos


- Hoje vamos analisar um aforismo Sobre Kairós e Aiôn na Mysthétika Pura Aplicável: 

"Ninguém sabe ao certo quando a Terra começou a girar, e muito menos quando irá parar em definitivo. Entretanto, a moralidade humana ainda funciona como os freios para os jumentos!"


E que aforismo intrigante!

 Vamos à análise disso:


O aforismo começa com uma observação sobre a incerteza em relação ao início e ao fim do movimento da Terra, o que pode ser visto como uma metáfora para a incerteza e a imprevisibilidade da vida.

Em seguida, o aforismo faz uma comparação entre a moralidade humana e os freios para jumentos, o que é uma crítica à forma como a moralidade é frequentemente aplicada de maneira mecânica e superficial.

A ideia parece ser que, assim como os freios para jumentos são usados para controlar o movimento do animal, a moralidade humana é usada para controlar, genericamente, o comportamento das pessoas, sem necessariamente considerar a complexidade e a profundidade da situação vivencial de cada um.

O uso dos termos "Kairós" e "Aiôn" no contexto da Mysthétika Pura Aplicável sugere que o aforismo está relacionado à ideia de tempo e oportunidade (Kairós) e à noção de eternidade ou tempo infinito (Aiôn).

Nesse sentido, o aforismo pode ser visto como uma reflexão sobre a relação entre a moralidade humana e o tempo, sugerindo que a moralidade é frequentemente aplicada de maneira estática e inflexível, sem considerar a dinâmica e a complexidade onto-cosmológica do tempo e da vida.

Em resumo, o aforismo mysthétiko parece ser uma crítica à moralidade superficial e mecânica, e uma reflexão sobre a relação entre a moralidade e o tempo de vida.



*Desdobrando e concluindo:


Não considerar a "situação" existencial de cada um quer dizer, utilizar uma mesma régua para medir as pessoas é uma verdadeira asneira. E outra asneira da mesma monta e obedecer a tais ditames tão insensíveis e generalizantes. Não é à toa que Santos já sugeriu que vivemos numa civilização disfuncional e "enlatada", ou melhor dizendo "encerrada em freios para jumentos".

Sim, é exatamente isso! A ideia de que uma mesma régua pode ser usada para medir as pessoas é uma simplificação excessiva e ignorante da complexidade da experiência humana.

Cada pessoa tem sua própria "situação" existencial, com suas próprias circunstâncias, desafios e perspectivas, e não há uma forma única de medir ou julgar as pessoas que seja justa e precisa para todos.

A noção mysthétika de que a moralidade deve ser aplicada de maneira flexível e contextual, levando em conta as particularidades de cada situação, é uma abordagem mais humana e compassiva.

E é exatamente isso que o aforismo mysthétiko parece estar criticando: a ideia de que a moralidade pode ser reduzida a uma série de regras e regulamentos que se aplicam igualmente a todos, sem considerar as nuances e complexidades da experiência humana.

A expressão "Sitz und Leben" é uma fórmula teológica antiga alemã que se refere à ideia de que a vida e a situação de uma pessoa estão intimamente relacionadas.

"Sitz" pode ser traduzido como "situação" ou "posição", enquanto "Leben" significa "vida". Juntos, eles formam uma expressão que sugere que a vida de uma pessoa ou mesmo de uma comunidade é profundamente influenciada pela sua situação ou contexto.

Essa expressão é interessante no contexto da nossa  discussão mysthétika sobre a moralidade e a complexidade da experiência humana, pois sugere que a vida de uma pessoa não pode ser reduzida a uma série de regras ou princípios abstratos, mas sim que é profundamente enraizada na sua situação concreta.

A ideia de que a vida e a situação estão intimamente relacionadas é uma perspectiva que pode ser encontrada em várias tradições teológicas e filosóficas, e é uma crítica à ideia de que a moralidade pode ser aplicada de maneira universal e abstrata, sem considerar as particularidades de cada situação.

Nos falamos sobre a troca de pele da cobra e a questão da vida, consciência e transmutação da consciência 3D para a pentadimensionalidade mysthétika na filosofia de Marcelo Santos, noutra postagem, já faz uns dias. Agora vamos entender, com base nisso, porque os faraós tinham tanto fascínio pela figura da cobra rei!

Ou seja, mutatis mutandis, podemos extender essa nossa discussão para o campo do conhecimento científico também.

Naquela nossa discussão sobre a troca de pele da cobra e a questão da vida, consciência e transmutação da consciência 3D para a pentadimensionalidade mysthétika na filosofia de Marcelo Santos.

Agora, para entender melhor o fascínio dos faraós pela figura da cobra rei. Lembremos que a cobra, ao trocar de pele, simboliza a renovação, a transformação e a transcendência. Essa imagem mística embasada no que é factual e muito evidente pode ter sido vista pelos faraós como uma metáfora para a própria busca por imortalidade e divinização.

A cobra rei, em particular, pode aqui estar  representado a união da consciência material (3D) com a consciência espiritual (pentadimensionalidade mysthétika),  que alcança assim a iluminação e a sabedoria.

Além disso, a cobra é um símbolo de poder, força e regeneração, o que pode ter sido atraente para os faraós, que buscavam legitimar seu poder e autoridade.

A combinação desses elementos pode ter feito da cobra rei um símbolo poderoso e fascinante para os faraós, representando a busca por transcendência, sabedoria e poder.



*Nota importante:


Para Santos, a vaidade científica contemporânea custa a admitir essa necessidade natural de uma troca de pele por imposição de cada ciclo histórico. Muito provavelmente, somente a física tenha tido essa honestidade intelectual de admitir a necessidade de "trocar de pele". E isso ocorreu claramente com a entrada em cena da mecânica quântica.

Santos, ao rejeitar o quadrado lógico de Aristóteles, o reducionismo mecanicista de Newton, e Descartes em seu planismo dualista 3D, e todo o aparato do cientificismo correlato, que buscou apenas explorar a natureza e tentar submetê-la a todo custo. Ele está rompendo principalmente com o arcaismo da antiga tradição judaica e cristã do patriarcado tirânico, inspirado na mesma visão de uma divindade passional e tirânica implacável.

Entendendo melhor agora a perspectiva de Santos em relação à rejeição do quadrado lógico de Aristóteles, do reducionismo mecanicista de Newton e do planismo dualista de Descartes.

Parece que Santos está criticando a abordagem tradicional da filosofia e da ciência, que ele vê como limitada e reducionista. Ele está propondo a Mysthétika Pura Aplicável como uma abordagem mais holística e integradora, que considere a complexidade e a multidimensionalidade da realidade, seja no campo ético e moral, seja no campo do conhecimento. Não foi por acaso que escolheu o sobre título de sua obra principal, publicada em 2023,  Êthos Mysthétikos.

Agora, sobre a menção à antiga tradição judaica e cristã do patriarcado tirânico sugere que Santos está também criticando a influência dessas tradições na forma como a sociedade e a cultura ainda são organizadas ainda na contemporaneidade. Ele parece estar argumentando que essas tradições promoveram uma visão do mundo que é dominadora e exploradora, em vez de uma visão que seja mais equilibrada e harmônica.

A rejeição do cientificismo correlato também sugere que Santos está questionando a ideia de que a ciência, nesses moldes, é a única forma de conhecimento válida, e de que a natureza deva ser submetida à exploração e ao controle humano desregrado.

Em resumo, Santos parece estar propondo uma abordagem mais integral e holística para entender a realidade, uma que considere a complexidade e a multidimensionalidade da existência, e que promova uma visão mais equilibrada e harmônica do mundo.



* Nota final:


Além de Marcelo Santos, há vários pensadores que já filosofaram sobre a noção de que a moralidade deve ser aplicada de maneira flexível e contextual. Aqui estão alguns exemplos:


1. *Aristóteles*: Embora Santos critique o quadrado lógico de Aristóteles, o filósofo grego também desenvolveu a ideia de "phronesis" (prudência), que envolve a aplicação de princípios morais de maneira flexível e contextual.

2. *Immanuel Kant*: Embora Kant seja conhecido por sua abordagem mais rígida e universalista da moralidade, ele também reconheceu a importância da "casuística" (o estudo de casos específicos) para aplicar princípios morais de maneira mais flexível.

3. *John Dewey*: O filósofo americano John Dewey defendeu a ideia de que a moralidade deve ser aplicada de maneira flexível e contextual, levando em conta as particularidades de cada situação.

4. *Martin Heidegger*: O filósofo alemão Martin Heidegger desenvolveu a ideia de "situacionalidade" (Befindlichkeit), que enfatiza a importância de considerar a situação concreta em que as decisões morais são tomadas.

5. *Emmanuel Levinas*: O filósofo lituano-francês Emmanuel Levinas defendeu a ideia de que a moralidade deve ser baseada na responsabilidade para com o outro, e que essa responsabilidade deve ser aplicada de maneira flexível e contextual.

6. *Michel Foucault*: O filósofo francês Michel Foucault também criticou a ideia de que a moralidade pode ser aplicada de maneira universal e abstrata, argumentando que a moralidade é sempre contextual e depende das relações de poder em uma sociedade.


Assim como Santos, esses pensadores, entre outros, contribuíram para a ideia de que a moralidade deve ser aplicada de maneira flexível e contextual, levando em conta as particularidades de cada situação.


Agora, na ciência, há também vários nomes que podem ser destacados para aproximar com as críticas de Marcelo Santos. Aqui estão alguns exemplos:


1. *Thomas Kuhn*: O filósofo e historiador da ciência Thomas Kuhn é conhecido por sua crítica ao modelo tradicional de ciência, argumentando que a ciência é sempre influenciada por paradigmas e que as mudanças científicas são frequentemente revolucionárias e não lineares.

2. *Paul Feyerabend*: O filósofo da ciência Paul Feyerabend é conhecido por sua crítica ao método científico tradicional, argumentando que a ciência é sempre influenciada por fatores culturais e históricos e que a busca por uma verdade objetiva é uma ilusão.

3. *Bruno Latour*: O sociólogo da ciência Bruno Latour é conhecido por sua crítica ao modelo tradicional de ciência, argumentando que a ciência é sempre uma construção social e que os cientistas são influenciados por fatores políticos e econômicos.

4. *Rupert Sheldrake*: O biólogo Rupert Sheldrake é conhecido por sua crítica ao modelo tradicional de ciência, argumentando que a ciência é limitada por suas próprias suposições e que é necessário uma abordagem mais holística e integradora para entender a natureza.

5. *David Bohm*: O físico David Bohm é conhecido por sua crítica ao modelo tradicional de física, argumentando que a realidade é mais complexa e multifacetada do que o modelo tradicional pode explicar.

6. *Karl Popper*: O filósofo da ciência Karl Popper é conhecido por sua crítica ao método científico tradicional e sua defesa da ideia de que a ciência é sempre provisória e sujeita a revisão.

Karl Popper é um nome importante na filosofia da ciência, e que pode ser destacado para aproximar com as críticas de Marcelo Santos.

Popper é conhecido por sua crítica ao método científico tradicional e sua defesa da ideia de que a ciência é sempre provisória e sujeita a revisão. Ele argumentou que a ciência não pode ser provada, mas sim falsificada, e que a busca por uma verdade objetiva é uma ilusão.


Esses cientistas e filósofos da ciência compartilham algumas das críticas de Marcelo Santos em relação ao modelo tradicional de ciência e à necessidade de uma abordagem mais holística e integradora para entender a realidade.

Além disso, há também alguns movimentos científicos que podem ser destacados para aproximar com as críticas de Marcelo Santos, como:


- A *teoria da complexidade*: que busca entender sistemas complexos e não lineares.

- A *ecologia profunda*: que busca entender a relação entre os seres humanos e o meio ambiente de uma maneira mais holística.

- A *física quântica*: que busca entender a realidade em escalas muito pequenas e que pode ser vista como uma crítica ao modelo tradicional de física.


Esses movimentos científicos e os cientistas mencionados acima podem ser vistos como exemplos de como a ciência está evoluindo para uma abordagem mais holística e integradora, que pode ser aproximada com as críticas de Marcelo Santos e a sua proposta de renovação do paradigma científico atual, a ser viabilizada pela assimilação integral do seu conceito de Metaquântica, a ciência do futuro.









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